Liderança Exponencial, o modelo para influenciar pessoas disruptivas
O ponto de partida é criar o pensamento exponencial. Voltando do Singularity University Global Summit, tenho certeza de que o que vi até agora é só a ponta do iceberg. Além da velocidade, da capilaridade, do novo formato de tudo, existe um novo tipo de gente à frente desta mudança: os pensadores exponenciais.
Um encantamento imediato toma conta de quem está recebendo o convite para mudar o mundo. Os questionamentos e a resistência a todo este movimento também acontecem, mas, nada deterá a revolução tecnológica. É natural e saudável o contraponto, e meu alerta é para que você beba de diversas fontes e evite adotar dogmas ou torne o Vale do Silício uma nova religião. É uma indústria de trilhões, como muitos já sabem, mas o fato é que estão fazendo o futuro acontecer e convidando o mundo para atuar na transformação. Líderes corajosos, disruptivos têm clareza de sua missão e sabem como unir propósito e abundância.
Escolhi, entre tantos outros assuntos incríveis, começar falando de liderança por entender que este é um ponto de partida para a grande mudança cultural. O farei com um olhar múltiplo, além das quatro habilidades da liderança exponencial da Singularity University: Futurista, Inovador, Tecnologista e Impact Driver.
Liderança compartilhada, alinhamento de propósito, visão múltipla associada a um grande chamado transformador, engajamento pessoal, mentalidade abundante, coragem e ousadia para não aceitar o mundo como ele é. Este é o estado de ser dos novos líderes do mundo.
O líder exponencial precisa ter a essência disruptiva e não apenas boas formações técnicas. Lidar com o mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo), com informações por todos os lados, velocidade acelerada mantendo agilidade sustentável são desafios enormes. Por incrível que pareça, empresas que nascem digitais nem sempre têm líderes exponenciais à frente do projeto, e empresas tradicionais têm escassez completa de pessoas com este modelo mental.
Não estamos condenados a uma rota sem saída, mas a prioridade agora, além da inovação, é a formação deste grupo de líderes exponenciais. Pessoas e bons projetos devem ter o mesmo peso na transformação dos negócios. O foco tem sido demasiado na tecnologia, e mesmo as ciências exatas sabem que tudo acontece através das pessoas.
Algumas habilidades do líder exponencial:
1- Ter habilidade para navegar na instabilidade e na dinâmica acelerada do mundo;
2- Tomar decisões com base em dados preditivos e não em planejamentos estratégicos obsoletos;
3- Representar o seu time e estar disponível para ele o tempo todo. A obra é co-criada;
4- Dar espaço e autonomia às equipes de trabalho e permitir a experimentação e os erros naturais do processo de inovação;
5- Dar suporte às decisões tomadas e manter a dinâmica em patamares saudá Mudar de direção a toda hora traz caos emocional ao ambiente;
6- Extrair das pessoas propósitos e intenções maiores do que apenas cumprir tarefas entediantes. Novos grupos trabalham movidos por causas que nas ExOs ( Organizações Exponenciais), chamamos de PTM (Propósito Transformador Massivo);
7- Ser o grande criador e influenciador da cultura do negócio;
8- Ser ambidestro: pensar como investidor e como operador do negócio.
O Líder Exponencial combina hard e soft skills, mas é muito afiado em soft skills, que são o grupo de habilidades mais importantes para mobilizar pessoas em torno de uma ideia relevante.
Imaginar o não óbvio, trazer ideias à vida, acelerar possibilidades através da tecnologia, fazer escolhas que impactam pessoas e comunidades. Destes pilares, saem uma lista de competências a serem desenvolvidas, incluindo o pensamento disruptivo e exponencial, possível de ser desenvolvido.
Entre os líderes atuais, alguns já são disruptivos naturalmente, mas precisam de suporte e desenvolvimento, porque influenciam pessoas de diferentes naturezas. O desenvolvimento humano também virou ciência e requer investimento como as demais áreas. Pensar grande também em pessoas. A formação humana não é algo que acontece no piloto automático. O modelo de liderança predominante no mercado não atende as novas demandas e mesmo jovens que estão à frente das startups não têm maturidade emocional nem desenvolvimento interno suficiente para influenciar pessoas de forma consistente.
Segundo Klaus Schwab, o caminho da mudança requer quatro tipos diferentes de inteligência:
A contextual: mente e conhecimento;
A emocional: pensamentos, sentimentos e a relação com outras pessoas;
A inspirada: propósito, bem comum, trabalho compartilhado;
A física: saúde e bem estar pessoal de todos e aplicação da energia no mundo real.
Eu ainda adicionaria o que chamo de Inteligência Espiritual, que trata, de maneira pragmática a busca do sentido da vida, os valores, o uso da intuição e a demoção das falsas identidades. O mundo exponencial precisa de pessoas verdadeiras, autênticas e bem formadas não no sentido intelectual apenas, mas no sentido essencial da vida universal.
Propósito é a busca do sentido das coisas, a grande vontade de realizar coisas memoráveis. A natureza humana pede respostas mais profundas que nossa frugal existência cotidiana. Tornar-se um líder exponencial é condição de sobrevivência. No mundo digital, mentes lineares serão sufocadas e eliminadas. Para inovar e fazer florescer ideias disruptivas, é preciso criar um ambiente que respire diferente. Este para mim é o maior desafio da próxima década.